Os vencedores e os perdedores da pandemia
Os vencedores e os perdedores da pandemia
Estamos todos na mesma tempestade, mas não estamos no mesmo barco. A forma como a pandemia nos afeta depende do nosso tipo de trabalho, das qualificações profissionais e do setor em que a nossa empresa opera.
O Covid-19 alterou os principais fluxos mundiais: fluxo de dados/informação, fluxo financeiro, fluxo de mercadorias e fluxo de pessoas (cf. David Bosshart, GDI)
Os vencedores
- Empresas de TIC e geralmente de tecnologia. A crise do Covid-19 não teve um impacto negativo nas empresas de tecnologia, pelo contrário. A tecnologia é geralmente percecionada como o antídoto para os problemas que o Covid-19 está a causar. Os grandes vencedores são as plataformas e aplicativos de comunicação e videoconferência, as plataformas de vendas online e os aplicativos de jogos na internet. De forma geral, todas as empresas de comunicação de dados ganharam, porque o fluxo de dados/de informação aumentou significativamente.
- Mediadores de imóveis residenciais: Movimento de famílias em direção à periferia das cidades.
- Life science (farmacêuticas, biomedicina, laboratórios e serviços de saúde etc.).
- Seguradoras: embora haja uma redução do número de clientes, devido ao confinamento, pois menos movimentos implica menos incidências de seguros.
Os movimentos imobiliários proporcionam novas aquisições de casas, gerando novos seguros para a habitação. - Serviços financeiros: São fornecidos cada vez mais online (fluxo financeiro virtual). As bolsas de valores sofreram poucas perdas em comparação com as famílias. A pandemia atinge mais a classe média, pessoas que perderam os seus empregos ou que precisam de correr riscos porque o seu trabalho exige uma presença física. Num caso de crise, todos precisam de liquidez. Os bancos podem contar com uma constante procura, e alguma proteção estatal, ou seja, em comparação com outros setores, recebem um tratamento privilegiado por parte dos governos. No entanto, após a crise, os bancos terão de enfrentar a concorrência cada vez maior de startups na área de fintech.
- Transporte e logística BtC:
Fluxo de mercadorias: reorganização da logística de mercadorias. Cada vez mais produtos são comprados diretamente online e entregues em casa por transportadoras que são capazes de cobrir a difícil "última milha" de entrega.
Os perdedores
- Turismo: Diminuição acentuada de viagens (Fluxo de pessoas). Hotéis e alojamentos, restaurantes, empresas de transporte turístico, companhias aéreas, lojas com produtos turísticos e produtos de luxo (geralmente adquiridos por turistas).
- Organização de eventos, congressos e viagens de negócios: Embora o interesse na troca de informações e experiências profissionais continue a existir, provavelmente acontecerá a partir de agora com mais frequência por meio de videochamadas. A consequência disso é a redução do número de congressos com presença física e o volume de viagens de negócios. Apesar de terem sido obrigados a fazer alterações, muitas pessoas desfrutam de uma vida profissional menos frenética e descobrem que na verdade muitas viagens podem ser substituídas pela comunicação digital.
- Cultura e entretenimento: Os grandes eventos públicos, os eventos desportivos com público, eventos musicais, teatro e cinema quase diminuíram para zero. Irão ressuscitar, mas a questão é quais são as empresas que ainda existirão quando isso acontecer, e quais serão os novos formatos que a pandemia trouxe.
- Proprietários de imóveis comerciais (não mediadores): os proprietários, especialmente de prédios de escritórios e lojas de retalho, perderão receitas de arrendamentos. Não só por causa de falências, mas também porque trabalhar em casa reduzirá a necessidade de espaço de escritório. O local de trabalho será redefinido.
Com o aumento de espaço disponível, os preços de arrendamento diminuirão. No entanto, os mediadores de imóveis lucrarão com todos esses novos movimentos imobiliários. - Empresas de energia fóssil: Durante a pandemia, as vendas de empresas de produção e distribuição de combustíveis fósseis diminuíram devido à redução das deslocações/ viagens. Após a pandemia, lutarão por causa da aceleração da transição energética.
- Lojas/Department stores “Gourmet”: as pessoas cozinham em casa com produtos essenciais e cada vez mais fazem encomendas de comida online.
- Indústria Têxtil e da Moda: Menos clientes na rua e quase nenhum turista. Os fabricantes de produtos têxteis sofrem com o cancelamento de encomendas.
Nem vencedores nem perdedores
- Agroalimentar: Os alimentos sendo uma necessidade essencial para o ser humano, sempre haverá procura, mesmo na pior das crises. No entanto, há uma alteração da procura de produtos caros e não essenciais para produtos essenciais, e uma alteração de produtos industriais para produtos produzidos de forma sustentável.
- Distribuição: Por enquanto, as pessoas ainda precisam das lojas físicas. A médio e longo prazo, porém, os centros comerciais e as grandes superfícies tornar-se-ão história, à medida que cada vez mais pessoas descobrem o conforto das compras online, tendo, geralmente, boas experiências com serviços de entrega. As dúvidas que existiram antes da pandemia foram agora dissipadas. A distribuição direta dos produtores (ou grupos de produtores) aos clientes aumentará fortemente, por entrega própria ou em parceria com um serviço de entrega.